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3 de May de 2024Curiosidades que vão além – A origem do velório
3 de May de 2024A assombração mais comentada de todo o cemitério da Recoleta (Argentina) é a Dama de Branco. Conta-se que vaga pelo local e volta para o seu mausoléu sem se distanciar muito dali. O fantasma aparece para os turistas e funcionários quase todos os dias. Mas, quem seria esta mulher?
Trata-se de uma adolescente, de 19 anos, que se chamava Rufina Cambaceres, filha do escritor Eugenio Cambaceres. Pelos registros históricos ela morreu por duas vezes. Mas, como pode uma pessoa morrer duas vezes? De fato, isso aconteceu! Pelo menos, foram estes os diagnósticos dados pelos médicos da família na época. As situações que envolveram as “mortes” da jovem foram trágicas e ocorreram em 1902.
Da festa para a morte
A vida de Rufina foi digna de um romance. Pelos relatos ela foi uma pessoa introspectiva e ficou ainda mais deprimida com a morte do pai. Tinha um noivo, porém poucos amigos. Mas, era muito próximo da mãe. Eles se davam bem até a descoberta que culminaria na sua “primeira morte”.
No dia em que completaria 19 anos a mãe da jovem prepararia uma grande festa, quando iria apresentar-la à sociedade. De acordo com informações, o evento aconteceria no Teatro Colón, o mais importante de Buenos Aires. Mas, Rufina não sobreviveu à revelação que veio depois da festa.
Ela descobriu que a mãe tinha um caso com seu noivo e teria entrado em choque. À noite foi encontrado morto em seu quarto, segundo o médico da família. Logo depois foi sepultada.
Outra versão, contada pelos guias do cemitério, fala que Rufina caiu “morta” em plena comemoração de aniversário na frente da família quando ganhou um colar da mãe.
A descoberta trágica
Um dos fatos mais aterrorizantes desta história é que quatro dias depois de sua morte, a mãe foi ao cemitério colocar flores e lá foi apresentada uma pior cena. O caixão da filha estava fora do lugar e com a tampa quebrada.
Foram investigados o que teria acontecido e o fato é que um jovem não havia morrido, e sim, teve um ataque de catalepsia, doença que faz com que uma pessoa apareça morta durante horas, com os membros rígidos, porém ficam o tempo todo conscientes. Imaginem só… sendo colocado num caixão com vida e consciente!
Após sair da crise o jovem tentou livrar-se daquela situação, porém sem sucesso. Informações dão conta de que a tampa do caixão, as mãos e o rosto dela estavam arranhados. Certamente pelo desespero.
Esta foi a “segunda”, mas a real morte de Rufina, asfixia. Para a nova cerimônia foi feito um lindo mausoléu, ao lado do primeiro. O caixão de mármore é belíssimo. Na frente, uma escultura, do artista de origem francês Richard Aigher, representando um adolescente abrindo uma porta, que pode ser à entrada dela para o mundo dos mortos.
De acordo com o guia local, senhor Oswaldo, o fantasma da jovem aparece, porque não descansou em paz. “Rufina morreu sem ar, sem saber por que fez isso com ela.” – disse com a voz embargada.
Depois desse caso, as leis argentinas ficaram mais rígidas quanto aos velórios, que passaram a ter mais tempo de duração para evitar que novos casos de catalepsia, seguidos de morte, se repetissem. Além da exigência de exames de comprovação de falecimento.
Estive no local por duas vezes, em 2012 e 2014, e depois de ouvir a história não há como não se envolve. O Mausoléu é belíssimo e provoca sensações diferentes quando chegamos por perto, como aflição e angústia. Não pude ver a Dama de Branco, mas que ela siga o caminho da paz.
Dentro deste cemitério há tantas outras assombrações e à noite pode ser mais “vivo” do que durante o dia. Mas, isso é uma outra história.