Os rituais de despedida oficializam a realidade da perda e auxiliam na elaboração do luto de quem ficou. O funeral precisa ser valorizado, será a última vez que veremos o corpo da pessoa querida e talvez a última oportunidade de expressarmos publicamente o respeito e o amor aquela vida que se foi.
Infelizmente, nossa sociedade ocidental subestima o valor das cerimônias coletivas, acredita que podem chorar seus mortos com descrição, de forma privada. É cada vez mais comum que entre o falecimento e o enterro ou cremação tudo ocorra em menos de 24 horas. Um verdadeiro equívoco.
Quando isso ocorre, na verdade estamos abrindo mão de um tempo precioso para a despedida. No funeral a dor é de todos, o choro é livre e a presença de familiares e amigos aquece a alma. A cerimônia e os seus símbolos assumem o papel das palavras que não saem, dos sentimentos que não conseguimos traduzir além de oferecer acolhimento, ajudam na construção de significados em relação a perda. As crianças devem ser incluídas, caso desejem participar, informadas e esclarecidas a respeito do que está acontecendo.
Relembrar e celebrar quem partiu ajuda a enfrentar a saudade. Em nós permanece uma parte de quem se foi e é essencial poder dividir com os outros o amor que ele cultivou em vida. Falar dos mortos, ouvir de outras pessoas suas lembranças nos ajuda a pensar em tudo que aquela pessoa foi e representou em vida. Nos ensina, principalmente, a guardar o melhor dela em nosso coração.