Popularmente o luto é entendido como a morte de um ente querido ou amigo, porém diversas concepções psicológicas sobre o homem ampliaram esse tema, uma vez que perdas e rompimentos de vínculos fazem parte da vida do ser humano.
Em diferentes situações de nossa vida vivenciamos o luto: perda de uma amizade, de um amor, de um animal entre outras. Assim como cada indivíduo é único, cada perda é única e isso é refletido nos vínculos que estabelecemos, assim como nas condições da dor pela perda daqueles que amamos.
Diante do rompimento de uma relação significativa o luto é esperado e normal, e este tem impacto sobre o indivíduo e família e, por isso, não podemos precisar o tempo em que cada pessoa leva para elaborar a sua perda. A forma como a morte é encarada influencia diretamente a nossa forma de enfrenta-la. Diante disso, é de grande importância a comunicação e o reconhecimento dos sentimentos.
O brasileiro ainda tem muita dificuldade em aceitar que o processo de luto deve ser vivenciado. Enlutados, por muitas vezes, são encorajados prematuramente a deixar para trás este sentimento por pessoas que por mais bem-intencionadas que estejam ao proferir frases como “Bola pra frente”, “Ele não gostaria de ver você triste assim” e “Seja forte” não dão espaço para que se viva esse processo e experiência.
Com isso, quem foi impactado acaba por não aceitar o luto por ter neste sentimento algo ruim, como um sinal de fraqueza. Sendo assim, temos duas situações: o enlutado vive seu processo isoladamente por não querer demonstrar fragilidade aos demais ou se força a abandonar o luto antes mesmo de ter completado este processo, por achar que é algo que deve ser evitado para o seu próprio bem.
Forçar a pessoa a sair do luto ou superá-lo pode trazer ainda mais dores ao enlutado que, por muitas vezes, pode se sentir desamparado em sua dor ou que há algo de errado em seu sentimento.
No luto não existe certo e errado. Quando o enlutado não expressa a dor pela perda o sofrimento pode ser ainda maior. Permita que a dor exista, sem tentar escondê-la ou abreviá-la, não há algo específico a ser dito, o que importa mais nesse momento é o suporte oferecido: atenção dispensada, escutar sem julgar, o apoio da comunidade, empresa e sociedade como um todo, desta forma o enlutado entende que ele é importante e que, de alguma forma, o mundo está cuidando dele.
Elaborar a perda é como um processo de construção de significado, quando quem sofre tenta atribuir sentido ao que aconteceu. É um processo de transformação que atinge o indivíduo em todas as esferas de sua vida, emocional, físico, comportamental e social.
Embora difícil, a dor e o pesar são partes necessárias do viver. A medida em que esse processo ocorre além da compreensão intelectual, existe a compreensão emocional e espiritual, quer dizer, entenderá na mente e no coração: a pessoa amada morreu, embora jamais venha a ser esquecida.
Apesar do sentimento de perda não desaparecer, ele é suavizado e as crises de pesar, antes intensas, tornam-se menos frequentes e mais serenas. O luto é o preço que se paga pelo amor.